quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Culpados ou Inocentes?

A culpa. Quem define o culpado ou o inocente? O certo ou o errado? Quem dita para os demais como agir e como seguir regras? A resposta é simples e mais prática do que parece. Quem diz o que é certo ou errado é o mais forte e mais influente em um meio social. Observe pelo seguinte lado, numa Alemanha Nazista o certo era ditado de uma determinada forma, na qual hoje consideramos como errado, mas se a Alemanha tivesse vencido a guerra, talvez para um jovem soldado que quer subir de carreira, matar mais “inferiores” fosse a forma mais rápida de conquistar uma medalha. Difícil de acreditar? Imagine Israel e Palestina, nas escolas palestinas os professores ensinam a odiar os judeus e nas escolas israelenses os professores ensinam a odiar os palestinos ou então o caso da moça que seria morta por apedrejamento no Irã, para eles é o mais correto a se fazer e para nós não. Então quem está certo nessa situação?

O caso dos exploradores de cavernas trata exatamente deste tema, é certo matar para sobreviver ou é errado? O próprio livro diz que as leis nada mais são do que regras aplicadas por antepassados nossos, muitas vezes anteriores à nossa existência, numa época onde o que era certo pode ter se tornado errado e vice versa.

Os exploradores são inocentes? Segundo Foster, J. Sim, pois eles estavam em um estado de Direito Natural, de terem uma situação similar à excludente de legitima defesa, além da comparação da perda de 10 operários em detrimento dos 5 exploradores. Começando pelo ponto de vista da troca de 10 operários por 5 exploradores e posteriormente de 1 explorador pelos 4 restantes, é loucura afirmar que a situação é a mesma, a troca dos dois casos são diferentes, imagine os casos: 1º matar 50 adultos para salvar 50 crianças, neste caso você está escolhendo quem vive e quem morre; 2º contratar 10 operários para salvar 5 exploradores, e eventualmente estes operários morrem, veja que neste caso eles foram contratados para salvar e não para morrer, eles morreram unicamente por uma eventualidade, tanto é que se a troca que Foster sugere fosse similar à escolha de quem vive e quem morre, não poderíamos aceitar a existência de bombeiros, por exemplo.

A ideia dos demais juristas de que os exploradores se encontravam em uma situação onde o Direito Positivo ainda possui força, é uma afirmação válida, afinal em momento nenhum os homens perderam sua razão se tornando selvagens primitivos. Adicionando ainda que Roger Whetmore havia desistido do contrato antes do mesmo ter sido aplicado, tornando todo o procedimento usado pelos demais exploradores como uma ditadura, onde a minoria deve aceitar a vontade, mesmo que violenta da maioria. Mas supondo que Roger tenha concordado com o lançamento dos dados e não tivesse desistido em nenhum momento, em que mundo isso é correto? Seria similar ao assassinato assistido, a Justiça como vemos hoje em dia não fora usada, mas sim uma espécie de autotutela, onde inexiste um terceiro (juiz) imparcial ao fato para julgar.

Portanto eles são culpados do assassinato de Roger Whetmore, tendo em vista que se é errado roubar ou furtar alimento para comer, quem dirá matar outrem para ter acesso ao mesmo. Também é necessário entender que Roger havia desistido do contrato antes de terem jogado os dados, o que nos leva a crer que se julgados pelo Direito Positivo daquele país em questão, eles são culpados.

Porém como dito anteriormente, não havia um Juiz para julgar sobre a situação dos exploradores da caverna, portanto eles aplicaram uma espécie de autotutela é o que os torna inocentes da acusação de homicídio. Pois quando ainda estavam dentro da caverna fora pedido pelo próprio Roger diversas vezes por um juiz, sacerdote, médico ou alguém que os pudesse aconselhar a respeito da ideia do lançamento de dados e dado que naquele momento a sociedade, o Direito e a Justiça permaneceram imóveis e não auxiliaram aqueles cidadãos em seu dilema, virando a cara no momento em que mais precisavam é que eles optaram pela autotutela e eu os considero excluídos da pena do Direito Positivo aplicado no país da ocorrência dos fatos.


Minha agurmentação sobre o Livro: O Caso dos Exploradores de Cavernas - Lon L. Fuller


Avante!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quem vende seu voto?

Recentemente fui encorajado a um debate acerca da compra de votos e os princípios envolvidos, tanto egoístas quanto ideológicos e filosóficos. Louvemos primeiramente os fatos para que o leitor entenda os motivos que me fizeram ingressar em um debate.

Iniciou-se no dia anterior uma prévia do que estava por vir. Na televisão um programa popular de humor tratava de um assunto um tanto quanto polêmico e que envolve o egoísmo de muitos, a esperteza de outros e o ideal politicamente correto de outros tantos a respeito da compra de votos por políticos de todas as espécies e as respectivas pessoas que aceitam sua compra. Apesar de muito bem feita, a matéria abordou o tema unicamente como se existissem apenas duas possibilidades para a compra de votos, a de aceitar e a de não aceitar, mas não incluiu as variáveis, na qual eu me considero fiel participante. No dia seguinte uma matéria em um jornal falava de um candidato que comprou votos de uma mulher por R$ 110,00 e uma cesta básica, na qual soltei quase que involuntariamente a expressão: “eu faria o mesmo”, ou seja, assim como a mulher eu também venderia meu voto por um preço seja lá qual for.

A partir de minha afirmação anterior que fui contrariado no sentido de que não teria princípios caso aceitasse vender meus votos. Logo expus com mais clareza meu pensamento: o candidato X pode me oferecer o mundo em troca de meu voto, mas atualmente o Brasil é regido por uma constituição que permite o voto secreto, pois então, o que garante o meu voto no candidato X no dia da eleição? Eu poderia claramente votar no Y e sair com o produto oferecido por X.

Mas para leitores apressados e desatentos, podem vir achar que a questão de compra de voto se resume a isso, onde você aceitaria se corromper, mas nada garantiria se essa corrupção era uma farsa ou não. É então ai que entra os princípios, o lado racional da coisa. Veja bem, imagine se um Policial Federal apreende um grande traficante e este lhe oferece um milhão em troca da sua liberdade, dai então o policial aceita a propina e ainda prende o traficante que vai para a cadeia. Estaria certo? Estaria errado? Na minha concepção, estaria errado, pois não existe uma garantia da procedência desse dinheiro, tendo em vista que é dinheiro do crime, também a falta da acusação de tentativa de suborno poderia diminuir a pena do traficante, a Justiça não seria feita e todo nosso Direito perderia o sentido, além de ser uma medida imoral do policial e até mesmo contra os princípios da corporação da qual trabalha.

Não convencido? Imagine então um preso no corredor da morte e que passa um dia antes de sua execução por uma terrível parada cardíaca. O médico que o atende, ele poderia deixar de salvar o preso? Afinal o mesmo irá morrer no dia seguinte, ou o médico deve seguir seu juramento e os princípios de sua área e os princípios da Justiça? O medico muito provavelmente irá salvar o preso para que a Justiça tome seu curso natural.

Talvez aceitar a compra de voto naquele momento seja hipocrisia. Afinal naquele momento a pessoa que “aceita” ter seu voto comprado, deverá sorrir para o candidato, apertar sua mão e dizer que vai votar nele, traindo naquele momento sua ideologia. Imagine essa situação no dia a dia, onde numa empresa você deixaria de ter sua própria opinião para aceitar a opinião de outros enquanto na verdade não pensa realmente daquela forma. Popularmente te chamariam de duas caras ou de medroso, ou até mesmo de sem opinião própria não é mesmo?

Mas onde eu quero chegar com isso? Que, tanto aceitando a propina e no dia da votação você escolher outro candidato, quanto não aceitar e fazer um escândalo na hora, ambas as posições são corretas e nobres. A única diferença é que ao não aceitar e denunciar na mesma hora, a pessoa está agindo racionalmente e legalmente, enquanto no caso de aceitar e depois não votar a pessoa estaria agindo emocionalmente, no sentido de vingança. Pois veja bem, diferente do caso do traficante, ao fazer o político X perder a eleição, eu estaria me vingando dele. Ele quis me enganar, quis me persuadir ilegalmente e eu ao fingir que aceitei, acabei causando o efeito reverso na hora da eleição, ou seja, eu o deixei na mão quando mais precisava de mim e pior, ele acreditava que tinha me comprado. Simplesmente me vinguei, fiz uma espécie de justiça com as próprias mãos ao não eleger o político X. É preciso entender que os dois jeitos podem ser considerados corretos, um racional e outro emocional, o que quero esclarecer é que tenho consciência dos dois pontos de vistas e simplesmente optei por lutar contra a compra de votos de uma forma mais vingativa e pessoal do que da forma estabelecida pela Justiça Eleitoral.

E não feliz com a afirmação de que ambos os casos estão certos, coloco um exemplo prático na situação. Imagine uma mulher que tem por principio fazer sexo somente após o casamento e que nunca deu pra ninguém e num belo dia andando pela Praça da Sé de minissaia às 2 da manhã ela é estuprada por um cheirador de cola. Ela pode tanto facilitar para o delinquente de forma a preservar sua própria vida, como ela pode resistir e acabar sendo morta e mantendo seu princípio. A questão é, tanto de uma forma quanto de outra, é respeitável a decisão da moça, se ela facilitar fez isso por um bem maior, sua própria vida, se ela resistir, fez isso porque era inaceitável para a mesma dar pra alguém antes de se casar. Talvez nesta situação o cheirador de cola devesse pedi-la em casamento de joelhos antes de estupra-la.


Avante!

sexta-feira, 12 de março de 2010

Auxilio Reclusão e Direitos Humanos?

E quanto mais vivemos neste mundo mais nós nos surpreendemos com idéias de outros seres da mesma raça. Neste texto entrarei no mérito do auxilio reclusão e também para meter um pouco o pau nos direitos humanos, duas palavras que para a maioria dos cidadãos de bem deste país virou uma espécie de ameaça! Uma espécie de organização de defesa e incentivo a tudo que for ruim. Uma espécie de organização formada por filhinhos de papai universitários que eram usuários de drogas e viviam no morro cumprimentando os “manos” do crime e que uma vez formados lutam por uma causa que foge ao bom senso e claramente à razão. Colocando a sociedade de joelhos e lhe dando tapas na cara, como se eu ou você, trabalhador de bem que paga os impostos, fossemos culpados por um assassino que matou 5 pessoas e por esse motivo devemos nos sentir culpados e acolher ele em nossos braços e protegê-lo de todo o mal.

Para quem não sabe, o Auxilio Reclusão é um beneficio, uma espécie de bolsa assassinato, onde um preso tem direito a uma quantia de R$ 798,30 (800 Reais) para cada filho que possuir, resumidamente, um cara que era traficante e matou 2 policiais, roubou um carro e atropelou 3 pessoas e matou 1 refém enquanto fugia a pé e foi preso após isso tudo, pode receber R$ 2394,90 mensalmente se tiver 3 filhos. Enquanto pessoas honestas e trabalhadoras ganham um salário mínimo para manter com um mínimo de conforto uma família inteira, bandidos recebem salários gordos por não produzirem absolutamente nada! Isso mesmo. Nada! Eles ganham apenas por prejudicarem a nação.

O problema dos direitos humanos é que para eles, somente os que não vivem nas regras da nossa sociedade são considerados humanos para poderem ter tais direitos. Vou citar um caso que muitos devem lembrar, do garoto João Hélio, arrastado por vários quarteirões após ter ficado preso no cinto de segurança do carro de sua mãe roubado por bandidos. Recentemente um dos assassinos do garoto está para ser solto por completar a idade de 18 anos e se enquadrar em alguns dispositivos legais, onde um menor não pode ficar preso até depois de 18 anos. Até ai nenhuma novidade para nós brasileiros, não é mesmo? O problema esta no seguinte fato: o coitado do assassino foi jurado de morte aqui no Brasil por diversas pessoas e tendo em vista essa situação, várias organizações, inclusive o governo decidiram dar uma nova identidade para o bandido, uma casa mobiliada e boatos dizem que uma nova vida na Suiça com direito a um salário e até mesmo um emprego caso ele queira, isso mesmo, caso ele queira, porque se ele não quiser não tem problema nenhum, ele pode viver o resto da vida na sua nova casa na suíça sem trabalhar, pois nós cidadãos que pagam os impostos irão cobrir as custas de sua nova vida.

Basicamente as pessoas que são mortas por bandidos são culpadas por terem sido mortas e por esse motivo devemos proteger o coitado, afinal ninguém mandou o João Hélio ficar preso naquele cinto de segurança não é mesmo? Ou muito menos mandou a vitima de seqüestro ficar na frente daquele 38 bem na hora que o seqüestrador ia atirar. Não é o bandido que atira, são as pessoas que se jogam na frente da arma para levar bala!

Eu vou além! Digo mais ainda! Acho que deveríamos mudar a Constituição Federal, adicionando um novo inciso no Artigo 5º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

LXXIX – assegurado o direito de todo cidadão do direito de matar o próximo, passível de bonificações:

a) Mortes ou delitos simples serão remunerados mensalmente;
b) Mortes violentas, planejadas ou não friamente e executadas com crianças, mulheres e idosos serão remuneradas mensalmente, além de uma casa em país da escolha do infrator, assim como uma TV de Plasma da LG de 52” e um Xbox 360;
c) Acima de 2 mortes violentas ou seriais killers serão remunerados mensalmente, além de uma casa no centro urbano de qualquer país de sua escolha e uma casa de praia em qualquer ilha paradisíaca, também serão assegurados um kit TV + Home Theater + Karaoke e mobília completa para o infrator, caso seja reincidente terá direito a um Corola do ano e um fã site gerenciado pela ONG defensora dos direitos humanos mais próxima.
d) Para homens bomba e terroristas internacionais será assegurado um lugar no céu e 72 virgens; (obs: acabei de entender o motivo da guerra no Oriente Médio).

Parece uma comédia não é mesmo? Mas não é! É tudo real e acontece com todos nós, é uma humilhação sofrida diariamente a todos aqueles que pagam seus impostos e trabalham honestamente neste país. A sociedade na qual tanto lutamos para construir está se tornando uma sociedade que parabeniza os infratores e recompensa aqueles detentores de mais crimes horrendos com gratificações e casas. Você sempre quis ser bem sucedido sem trabalhar? Quer ganhar uma casa em Miami com direito a um salário até sua velhice? Então arraste sua vó com um trator pelo centro da cidade mais próxima e peça para algum amigo filmar tudo!

Para quem não acredita nas noticias citadas, ai vão as fontes:

Sobre o Auxilio Reclusão
Sobre o caso João Hélio

Agradecimentos ao Petruz que me ajudou na idéia para o novo artigo e à Jackie que me ajudou com algumas coisas.

Avante!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Insistindo no erro?

Já não é de hoje, na verdade muitos já passaram por isso ao menos uma vez na vida e se sentiram completamente vazios e sem motivos para viver. Para quem não está entendendo o que eu quero dizer, vou explicar: sabe quando existe algo em que você acredita a bastante tempo e sempre tomou aquilo como fato e correto? E de repente acaba descobrindo que aquilo no qual acreditava não era bem daquele jeito... Sua vida acaba recebendo um vazio e sua alma se esvaia do corpo rumo à mais completa solidão.

Neste texto irei citar casos de palavras que eu sempre pensei serem de um jeito e na verdade eram de outro, mas a situação se aplica para qualquer acontecimento. O primeiro caso é um clássico, se trata do “cu”, o cu é uma expressão tão nobre que as vezes me pergunto se tenho o direito de lhe dirigir a palavra! O “cu” da língua portuguesa, na forma culta de se falar é escrito sem nenhum acento agudo... Mas a minha vida inteira me deparei com um cú acentuado! Confesso que quando descobri que tanto o meu cu quanto o teu cu não tem nenhum acento enfiado lá, foi algo que me deixou indefeso e fraco, quase sem forças para continuar vivendo.

Mas mesmo assim continuo colocando um acento agudo nos meus cús, pois ele merece. Um cú sem acento é como uma virgem sem hímen ou um emo sem franja, a pequena acentuação gráfica, colocada estrategicamente acima do “u” dá um toque especial. E por isso sou um dos maiores defensores de colocar um acento agudo em todos os “cús” do mundo, para que assim ele não se torne um cú sem moral, pois convenhamos, um cú acentuado dá muito mais poder e moral do que um cu não acentuado, ele é liberal, é mais moderno e está ciente dos parâmetros sociais em que vivemos, pois quando mandamos alguem “tomar no cú” teremos esses dois casos:

"vai tomar no CÚ"
"vai tomar no cu"


percebe a diferença de força entre os dois, quando mandamos alguem tomar no cu queremos que esse cú seja com acento que vai direto ao ponto e não um simples cu formal e arrumadinho. Basicamente o cú sem acento é como um policial sem arma, entende? Ele deixa o xingamento desarmado!

E vou além! Digo mais! Sou a favor de um programa social de mudança lingüística no Brasil para colocar um acento no cú de todos, independente da raça, crença ou situação financeira, nós simplesmente não podemos separar tão importantes companheiros, não é mesmo?

Outra palavra que me deixou triste foi cônjuge que é pronunciado exatamente igual se escreve e eu acreditava que se pronunciava “cônjugue”, a meu ver o final da palavra com som de “gue” é muito mais estiloso do que com o som de “ge”.

Uma outra foi o “meados”, de “em meados da década de 70”. Na minha concepção meados significava começo, não me perguntem porque eu achava isso, apenas achava. E foi muito triste quando descobri que o meado fica no meio (nossa!) e tive outra pancada forte na cabeça e mais uma vez minha vida perdeu o sentido.

Existem muitas outras palavras e situações das quais já tive a mesma sensação de descobrir que estava errado, mas ainda achando que o errado era mais bonito que o certo. Mas me limitarei neste texto a apenas estes exemplos!

Deixarei este texto como uma dedicatória ao meu amigo Rafael! Esse sim merece um cú acentuado.

Avante!

sábado, 6 de março de 2010

Caso de policia?

Esta história policial começa no inicio de 2010 e saboreia a imaginação das mentes mais exigentes em casos de suspense e drama. Muitos dizem concordar, outros dizem que discordam, outros tantos preferem se calar para preservar sua própria segurança, mas a única verdade é que numa madrugada quente de um dia qualquer da semana, lá pelas 22h e tantas na movimentada e incontrolável cidade de São Paulo, em uma clássica comunidade de baixa renda, onde pessoas saem para trabalhar logo cedo, crianças vão para a escola, enquanto seguranças fortemente armados defendem bocas de fumo de homens fardados com luzes giroflex encima de seus carros que vem para acabar com a festa, que aparecem crianças, filhas de pais responsáveis começam os seus atos de delinqüência...

São 22h e 15 minutos no horário de Brasília, quando um garoto e uma garota de apenas 12 anos brincam nas ruas perigosas do bairro, tocando a campainha de seus vizinhos e atormentando o sono daquele que vos escreve e que também irá se referir em terceira pessoa neste texto. Ah mas é claro que ele não estava dormindo! Apenas gostava de sacanear crianças faveladas sem futuro algum. E que atire a primeira pedra aquele que nunca esbravejou palavras indecentes para algum maloqueiro que tenha lhe feito algum mal! E também se nunca o fez não me interessa, textos politicamente corretos serão encontrados no site do Papa e do R.R Soares...

Pois bem, estava ele em casa apreciando as pinturas de sua parede quando tocam sua campainha de forma misteriosa. Prontamente o garoto sai com sua mãe no portão e nada nem ninguém visto. Curiosamente, segurando uma tesoura cega da Tramontina o garoto abre destemidamente o portão para olhar o que se passa na rua e nada ali encontra. Seria um fantasma que tocou a campainha? Uma falha no aparelho? Estaria ouvindo vozes? Não meu caro leitor, pois eis que surge um garoto e uma garota de seus 12 anos chamados por seus pais extremamente responsáveis, correndo de trás de um caminhão da feira para dentro de sua casa que coincidentemente fica em frente à casa do rapaz armado com a tesoura. De inicio nada foi feito, nada foi falado e nem comentado neste dia.

Passada uma semana é tocada a campainha de um vizinho da rua, que por sua vez sai gritando na rua, mas não encontra nenhum culpado. Com sede de vingança e coração de investigador, o rapaz, armado apenas de sua astucia se esconde dentro de uma Kombi com vidro fumê para ficar de tocaia e analisar os fatos que se seguem... Não demora muito e uma garota de fora da vizinhança toca a campainha de outro vizinho, com gritos de moral vindos de sua turma, que no caso é o garoto e a garota de 12 anos. Mas sem fugir ao assunto um senhor aparece na janela perguntando quem era. O rapaz abre o portão e avisa que foi uma maloqueira que passou correndo de bicicleta e apertou a campainha de várias casas, mas logo fechou o portão e retornava para dentro de sua casa para apreciar a pintura do teto.

Mas logo foi indagado por um outro garoto se existia alguma criança na rua àquela hora de quase 23h, e logo o rapaz responde que sim, que tinha um monte de crianças fazendo baderna e atrapalhando o descanso dos demais.
Ao ouvir isso, o atencioso pai que assistia Mama Brusqueta no Silvio Santos se enfurece com as acusações feitas contra seus educados e intelectuais filhos e faz um bate boca de acusações com a família toda do rapaz por cerca de 5 minutos do alto de sua casa. Não podendo vencer uma briga verbal de 3 x 1 ele desce com olhos vermelhos como sangue dizendo que irá resolver essa parada e pega um objeto escuro de dentro de seu carro para sair no portão. E é neste momento que todos se alarmam e começam a gritar: “ele está armado! Chamem a policia!!!”.

A policia foi chamada e ao chegar no local a briga que começou por motivos banais toma um rumo completamente diferente e passa a ser discutida leis de trânsito e construção civil e arquitetura.

Mas deixemos o lado de escritor de suspense por um momento para incorporar o lado do escritor critico que não segue as regras de redação. Na verdade a discussão que deveria ser sobre porte de arma do pai dos moleques que tocavam campainha, acabou se tornando sobre ele estacionar o carro em frente a nossa casa, impossibilitando a saída da Kombi para a rua.

Acusações daqui e ali o policial sargento tem uma brilhante idéia para resolver o problema, já que segundo ele a via é pública e ninguém é obrigado a retirar o carro da rua só porque nós queremos, a idéia seria de retirar uma coluna da minha casa e expandir a garagem para facilitar a saída da Kombi, o que segundo o sargento sairia por menos de 600 reais.

Eu realmente entendi essa merda ou o sargento me mandoueu demolir uma parte da minha casa para retirar meu carro de dentro da garagem porque o meu vizinho está bloqueando a passagem com o Uno dele? Mas é ótimo saber disso pois agora podemos aplicar isso em vários outros aspectos. Vamos aos exemplos:

Caso 1: eu poderia estacionar meu carro na frente da casa deste meu vizinho ou de qualquer outro, impossibilitando que saiam de suas casas com seus carros, pois assim todos seriam obrigados a demolir suas casas para construir uma outra saída para a rua?

Caso 2: se dois carros estacionarem na rua, cada um de um lado, quem quiser passar pela rua deverá entrar com um projeto de ponte? Ou deverá pedir para a prefeitura demolir algumas casas e fazer uma rua de escape que dê a volta nos dois carros parados?

E se segundo o sargento somente um carro pode ficar parado de um lado da rua, mas dois não podem pois atrapalhariam o trânsito, quem deveria ser o carro escolhido para ficar parado na rua? Aquele que estacionar ali primeiro é o dono? Que se foda se você estacionou depois meu amigo! Procure outra rua livre.

Caso 3: se eu estacionar um ônibus no meio da marginal Tietê que é uma via pública, tenho total direito de ficar lá? Afinal é uma via pública e ninguém pode me retirar de lá! Obrigando que o governo do estado construa uma avenida secundária apenas para desviar do meu ônibus lá estacionado.

Caso 4: se eu estacionar meu carro na frente da garagem da delegacia, proibindo a passagem dos carros da policia, se alguém vier me prender posso sugerir que façam uma outra saída para os carros da policia? Afinal o pátio é grande e uma entrada feita perto das arvores seria muito mais fofo e bonitinho.

Ou será que segundo o sargento só podemos estacionar nossos carros em via pública se for apenas para atrapalhar nossos vizinhos de sair com seus carros? Pois deve ter sido assim que começou nos países do Oriente Médio, não são ataques suicidas, são vizinhos irritados com carros estacionados que preferem explodir aquela porra toda e abrir caminho, o único problema é que costumam exagerar na quantidade de dinamite...

Isso realmente aconteceu a algumas semanas atrás aqui em casa e não estou querendo diminuir a imagem da instituição policial, até porque eu sou um dos maiores defensores da mesma, mas o meu problema está com a falta de bom senso da parte humana de um sargento que me manda retirar o pilar da minha casa para que eu saia com meu carro, o único problema é se for numa emergência, devo chamar um taxi ou passar por cima com a Kombi do carro do infeliz ou devo dinamitar meu pilar? Afinal não dá pra chamar um pedreiro pra refazer a estrutura da casa em 10 minutos, não é mesmo?


Avante!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Onde fica a...?

É algo pequeno e praticamente passa despercebida por quase todas as pessoas, mas que se pararmos para pensar existe em quase todos os 4 cantos deste enorme país, desde os pampas ao cerrado, passando pelo pico da neblina. É algo que muitas vezes nos faz andar de um lado ao outro sem achar o que realmente queremos. Estou falando da arte de quase todo brasileiro saber onde fica todos os lugares!

Diversas vezes já nos deparamos com a situação da qual necessitamos perguntar para alguém onde fica um lugar. E geralmente a resposta vem com perguntas ainda mais sem lógica, vamos supor que você queira saber onde fica uma rua do centro e a pessoa lhe responde com outra pergunta: “ah, é a rua que tem a casa da tia Zilda?”. É complicado responder isso, tendo em vista que estou perdido e não sei quem é a tia Zilda... Mas isso não vem ao caso deste texto.

O texto é para expressar minha admiração às pessoas que te fazem muitas vezes seguir o caminho oposto ao desejado, justamente por ela saber menos ainda pra onde você queria ir. Tirando as informações impossíveis de decorar como: “basta subir a ladeira dos perdidos, e virar a direita perto do posto, mas se o posto estiver fechado você segue em frente e vira a esquerda, depois olhe para cima e se o tempo estiver bom poderá atravessar a ponte da rua tal e dar vinte passos rumo sudeste...”. No final da explicação da pessoa a única coisa que eu pensei foi numa desculpa para dizer obrigado e continuar em frente até achar alguém que não seja um GPS ambulante.

O interessante é que se perguntarmos que caminho pegamos pra chegar na China, muitos brasileiros irão te informar exatamente a direção e pra que lado virar pra chegar na China, passando até pelo Japão se duvidar! Aquele velho ditado: “quem tem boca vai a Roma”, nunca foi tão verdadeiro, afinal todo brasileiro que se preze sabe que ônibus pegar para chegar na Itália.

Ah, sim! Brasileiro adora indicar ao próximo onde ficam os caminhos, até quando ele próprio não sabe, faz parte do nosso ego, parte do orgulho de todo cidadão saber onde pisa e saber orientar as pessoas, mesmo que seja pro lado errado.

Avante!